quinta-feira, 14 de agosto de 2008

As meninas e a vida

"Tem gente que chega pra ficar Tem gente que vai pra nunca mais Tem gente que vem e quer voltar Tem gente que vai e quer ficar Tem gente que veio só olhar Tem gente a sorrir e a chorar E assim, chegar e partir" (Milton Nascimento e Fernando Brant)
(texto dedicado a uma amiga, que mesmo ladra [rsrsrs], faz parte da minha vida para sempre) Sempre ouvimos dizer que todas as experiências que passamos na vida nos levam a um aprendizado...alguns, como eu, acreditam que todas essas experiências deveriam mesmo ser vividas para que possamos evoluir...seguir nossa jornada nesse mundo. Hoje posso dizer que mais uma etapa dessa jornada foi completada (mesmo que minha data limítrofe seja 29 de agosto). Nova cidade, novas pessoas, novas experiências, vida nova! Mas uma companheira de jornada já conhecida, com a qual sempre foi possível compartilhar saudades, esperanças, felicidades e angustias e, sim, todas as tristezas vividas nesses útlimos 21 meses. E meses intensos, de aprendizagens constantes, de amadurecimento pessoal e profissional sem precedentes. Juntas aprendemos a lidar com as derrotas e transformá-las em força e esperança de dias melhores; cada lágrima foi enxugada e semeada, para no dia seguinte, às 9h da manhã, ser colhida em forma de luta e transformação do meio em que fomos obrigadas a viver. Tantos sorrisos sem vontade, raivas contidas e algumas outras expostas...até que um dia percebemos juntas que alguma coisa desse cultivo diário tinha dado frutos: mudanças estruturais, pessoas engajadas, resultados políticos alterados significativamente...e a derrota (ao menos uma vez na vida!) nos olhos e nos corpos do adversário. E juntas também escutamos a vida nos dizendo: "Chega! Mais um ciclo acabou". E lá fomos nós buscar nossas novas etapas de evolução. Com mais força, mais dedicação, inteligência e, acima de tudo, união, fechamos esta etapa turbulenta e cheia de história para contar. No entanto, o que um olhar cheio de lágrimas não nos faz pensar? Foram 21 meses de aprendizado constante. Não aprendizado da politicagem coronelesca do interior, de atividades burocráticas ou afins. Aprendizagem de vida, de nós mesmas. Hoje olho pro ontem, pras meninas que chegamos e enxergo as meninas-maduras que saímos. Somos outras, aprendemos a ter calma, a lutar por objetivos, a sermos neutras ... aprendemos a ser adultas da forma mais eficaz que poderíamos: com muita porrada da vida. Saímos de nossos ninhos e fomos em busca do mundo...e o mundo se abriu pra nós em toda sua imensidão. E aprendemos a ser fortes de verdade, vimos desde o ínicio que ou éramos nós duas juntas ou iriam nos engolir. E, como a vida é justa, colocaram anjos bons em nossos caminhos que se transformaram nos amigos de luta, nos "pais e tios" representando os laços consaguíneos distantes, em paixões e amores. E mesmo que alguns desses anjos se tornem distantes, ficaram para sempre em nossas vidas através das memórias que teremos desses tempos cinzentos mas repleto de amizade e boas surpresas. Saí casada (e como não lembrar eternamente que você presenciou o mágico acontecer em minha vida?), transformada como mulher, saí feliz...e vejo você saindo levando na bagagem toda a experiência vivida e toda esperança acumulada, querendo ser mãe, ver barriga crescer :) ! Saímos com lágrimas nos olhos...não pela felicidade de estar indo...mas pela felicidade de termos conquistado tantas boas coisas em meio ao caos. Querida amiga, fizemos história!!! E assinamos em baixo.

domingo, 3 de agosto de 2008

A vida e suas construções


Somewhere over the rainbow Way up high, There's a land that I heard of Once in a lullaby.

Somewhere over the rainbow
Skies are blue,
And the dreams that you dare to dream
Really do come true.

Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far
Behind me.
Where troubles melt like lemon drops
Away above the chimney tops
That's where you'll find me.

Somewhere over the rainbow
Bluebirds fly.
Birds fly over the rainbow.
Why then, oh why can't I?

If happy little bluebirds fly
Beyond the rainbow
Why, oh why can't I?


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Música incidental para esses dias em que tudo o que se quer é voltar a ser criança, resguardada por uma época de inocência e frescor onde os únicos problemas eram frutos da imaginação.

E pego-me pensando se os problemas da vida adulta também não seriam construídos por nossos próprios medos, bem como o monstro que habitava o armário ou as bonecas que ganhavam vida durante a noite. Será mesmo que temos todos os reais motivos de estarmos sempre correndo contra o tempo, suando e preocupando-se diariamente pelo dinheiro sempre insuficiente e martirizando-se pelos erros, frutos de fraquezas quase infantis que todos nós possuímos internamente?

Começo a acreditar que construímos nossas paranóias e problemas em cima de vontades e anseios que não são realmente nossos, que não vêm de dentro, do que de fato pensamos ser a felicidade.

O carro novo a comprar, a televisão de plasma, a plástica a fazer, o sexo que deve sempre ser perfeito, os finais de semana sempre com alguma atividade rodeada pelos amigos sempre a rir e beber, o humor que não pode escorregar e a coragem que não pode fraquejar. Tudo me lembra os comerciais de televisão, as novelas, os filmes, as imagens produzidas para serem o estilo perfeito de vida a ser obtido a todo custo...seja como for.

O mais triste é saber que mesmo os que conseguem enxergar o mercado de consumo das ilusões pós-modernas, mesmo eles estão imersos na necessidade construída... e da mesma forma constróem suas frustações e tristezas, medos e paixões. E, quiçá, sofram mais do que os que apenas vivenciam tudo como se fosse natural deles próprios.

Oxalá um dia consiga desvencilhar-me, meu Deus, dessa ilusão que a vida me apresenta nas prateleiras de seus supermercados! Consiga realmente vivenciar diária e cotidianamente o que acredito ser a felicidade plena... as coisas simples da vida....as coisas que realmente importam e me fazem melhor e feliz.

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Apenas uma reflexão compartilhada...afinal...sou o que sinto...e escrever o que sinto me faz ser.

(SIGA A ESTRADA DAS PEDRAS AMARELAS!)




terça-feira, 22 de julho de 2008

Primeiro

Quero acreditar que a vida é feita de fatos consecutivos e interligados. Que em cada circunstância existe conexão à outra e, principalmente, que tudo o que vivemos é consequência de minhas próprias escolhas e vontades. Esforço-me para crer que o que me guia neste mundo é minha consciência racional e lógica... e faz tempo que tenho tentado. No entanto os fatos cotidianos parecem escapar dessa logística do mundo. Algo inconsciente - ou inexplicável ao nível do racional - parece fazer parte dos fios que se entrelaçam e formam a vida que vivo. Desde que comecei a prestar atenção na trama da vida percebo intimamente que ela tem um quê de irracional. Os fatos marcantes acontecem na hora que não foi premeditada, naquela derradeira tarde chuvosa, em que tudo está certo, em seu lugar. Naqueles dias em que a mudança é tudo que não se quer. Mas é logo aí que elas aparecem: como o furacão de OZ (O Mágico, não o trágico, da série enlatada) levam a casa e as certezas pelos ares e ao abrir os olhos e limpar a poeira, a zona de conforto já desapareceu. Tudo mudou. Pro bem ou pro mal só depende de interpretação filosófica. E põe filosofia pra reconstruir a calmaria e a rotina que fazem tão bem. Assim tem sido. Assim eu me construo e sou. Assim é a vida das coisas. Elas vivem e se entrelaçam em minha vida, não as construo, não as desejo, não as faço acontecer...apenas construo a mim a partir delas. Também é desta forma que escrevo: como uma forma de construção de mim mesma. Começo com uma frase que não sai da cabeça, penso num enredo e quando vejo o pensamento me levou para outro lugar, para outros textos e vários pretextos que subtendem-se em entrelinhas súbitas. E no final, era tudo exatamente como tinha de ser. Alguns chamam isso de criatividade... eu chamo simplesmente de processo de criação. Não criação do texto em si ... criação de mim. ****************************************** Assim, abro este blog de forma simplória e sem criatividade alguma, apenas para justificar que: não sou o que sou; sou o que escrevo.